As ações
determinadas pelo governo brasileiro para auxiliar a retomada da economia
nacional, como a redução de 7,7% para 5,5% das taxas para a compra de caminhões
e ônibus, através do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), foram
comemoradas pelos agentes do segmento de transporte. O presidente do Sindicato
Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e
Rodoviários (Simefre) e da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus
(Fabus), José Antonio Fernandes Martins, acredita que as medidas para diminuir
a carga de juros devem ter resultado positivo no aumento da demanda interna e
reflexo em toda a economia do País.
O executivo
acrescenta que, antes da decisão do governo, havia sido solicitado ao Executivo
que, para ônibus e caminhões, fosse criado um mecanismo que facilitasse a
adaptação às novas exigências feitas a esses veículos. O dirigente explica que,
em função das imposições do Ministério do Meio Ambiente, os modelos movidos a
diesel devem se enquadrar nas normas Euro 5 (padrão europeu de emissões). Isso
implica uma série de modificações que encareceram os produtos, de acordo com
Martins, entre 18% a 20%.
O presidente
do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio
Grande do Sul (Setcergs), José Carlos Silvano, recorda que a redução de 5,5%
das taxas para a aquisição de caminhões já havia sido tomada para as pequenas
companhias e autônomos. “Então, agora, ela é equiparada para as grandes
empresas”, ressalta o dirigente. Silvano enfatiza que se trata de uma ação de
diminuição de custos de financiamento, que demonstra sensibilidade e correção
por parte do governo federal. “Ele não está esperando muito tempo para reagir e
o mercado é muito dinâmico, muito rápido”, aponta o presidente do Setcergs. No
entanto, Silvano sustenta que é preciso tomar novas atitudes como a redução da
carga tributária.
O governo
aumentou ainda, de 96 para 120 meses, o prazo dos financiamentos do Programa
Pró-Caminhoneiro, linha do Bndes que financia a compra de caminhões pelos
próprios motoristas. Os juros dessa modalidade foram mantidos em 5,5% ao ano. O
presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), José Araújo “China” da
Silva, também viu com “bons olhos” essa determinação do Executivo. “Está sendo
dada a oportunidade para desenvolver o País e para que se troquem os caminhões
velhos, por modelos novos”, salienta Silva.
Já o
diretor corporativo e de relações com investidores das Empresas Randon, Astor
Milton Schmitt, considera as ações como emergenciais e necessárias para a
retomada do crescimento da economia. Ele lembra que o Brasil foi atingido nos
primeiros meses deste ano por reflexos da crise financeira internacional e,
internamente, por uma frustração quanto à safra de grãos e da cana-de-açúcar.
Outro ponto mencionado pelo executivo é que muitas obras públicas estão
“empacadas”.
“O
momento é preocupante e a volta à normalidade está demorando mais do que se
imaginava”, comenta Schmitt. Ele crê que o governo tomou uma direção correta ao
estimular o consumo e o investimento. Contudo, como o presidente do Setcergs, o
empresário faz a ressalva que questões estruturais, como a carga tributária e a
previdência, ainda não foram abordadas. No caso específico da Randon, ele
relata que as medidas adotadas deverão refletir positivamente para a companhia
e fortalecer os planos de exportação do grupo. O diretor adianta que a
perspectiva é de que o grupo registre uma receita, em 2012, semelhante ou
ligeiramente inferior a do ano passado. Porém, ele destaca que 2011 e 2010
foram recordes para a empresa.
Fonte: Jornal do Comércio – RS