Menos de um ano depois de a Lei dos Caminhoneiros entrar em vigor, o
Congresso começa a preparar uma mudança radical na legislação que
regulamentou as jornadas de trabalho da categoria.
Fortemente influenciada pela bancada ruralista, a comissão especial da
Câmara que trabalha nas mudanças começa a votar nesta semana um novo texto da
lei.
Entre as propostas, que ainda terão de passar por outras comissões,
está o aumento do tempo ininterrupto máximo de direção permitido, de quatro
horas para seis horas, e também das horas extras diárias, de duas para
quatro.
A regulamentação do tempo de direção dos caminhoneiros foi apresentada
no ano passado pelo governo como forma de ajudar a reduzir os acidentes de
trânsito no país.
Mas ruralistas e outras grandes empresas produtoras de mercadorias
reclamam da nova lei sob o argumento de que ela aumentaria os custos de
logísticas do país.
Autor do pedido para criar a comissão, o deputado Hugo Leal (PSC-RJ)
disse que a intenção de fazer ajustes necessários foi desvirtuado.
"Só tem gente do agronegócio na comissão. Ela não é imparcial.
Fizeram tudo para facilitar o lobby deles", afirmou Leal, que faz parte
de uma frente pelo transporte seguro.
O relator da comissão, deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), disse que as
propostas foram apresentadas após a comissão ouvir todos os lados.
O procurador do Ministério Público do Trabalho Paulo Douglas afirmou
que as mudanças propostas pelo relator são um retrocesso. Flávio Benatti,
presidente da NTC (Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística),
diz que a lei criava condições para uma competição leal no setor, o que não
será possível caso as mudanças sejam aprovadas.
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Fonte.: Folha de S. Paulo
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