O
assistente administrativo Niwton Antônio Guimarães, de 33 anos, não dirige mais
com tranquilidade quando volta da faculdade à noite pela BR-381, em Sabará, na
Região Metropolitana de BH. Assaltado ao parar o carro perto da ponte sobre o
Rio das Velhas, ele levou três tiros dos ladrões, que queriam seu Polo. A dupla
acabou fugindo apenas com um celular, depois de balear o rapaz no peito, no
braço e na perna. O caso não é isolado e mostra aos motoristas que se preparam
para pegar as estradas para o feriado de amanha que, além do risco de
acidentes, devem ficar alertas também para evitar a ação de criminosos. Balanço
da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostra que tem aumentado o número de
ocorrências relacionadas a crimes contra o patrimônio nas BRs que cortam o
território mineiro.
Já são
mais de 600 casos só no primeiro semestre deste ano, relativas a situasções
como roubo de veículos e cargas, furto de peças e assaltos a estabelecimentos
comercias. A média é de mais de três casos por dia nos 6,3 mil quilômetros de
estradas federais sob jurisdição da PRF. No período, o total de crimes
patrimoniais já rivaliza com o número de registros relacionados especificamente
com o trânsito: cerca de 700 no primeiros seis meses, tendo como campeões excesso
de carga e embriaguez.
Mas são
os ataques na beira das rodovias, especialmente em pontos comerciais, que mais
preocupam os motoristas, embora não apareçam nos números da PRF. O inspetor
Adilson Souza, da assessoria de comunicação da PRF em Minas, afirma que a
criminalidade é crescente em todo o país e que os estabelecimentos às margens
das rodovias não estão livres dessa realidade. “A marginalidade é organizada e
monitora as viaturas. São 6,3 mil quilômetros fiscalizados pela PRF no estado.
A criminalidade na rodovia existe e não vou dizer que está sob controle, mas
estamos fazendo trabalho de inteligência e ações preventivas em conjunto com
outros órgãos para tentar minimizar a ação dos criminosos. É uma luta de gato e
rato”, disse o inspetor, lembrando que este ano foram recuperados 300 veículos
roubados, com prisões de suspeitos.
A ação
policial, porém, não é suficiente para dar tranquilidade a quem corta o
território mineiro pelas BRs ou para quem mora e trabalha às margens delas.
Niwton Guimarães, cuja família mantém um restaurante há 40 anos na BR-381, em
Sabará, diz que os relatos de vítimas de assalto são cada vez mais frequentes.
“Há também venda de drogas às margens da estrada e até troca de tiros entre
traficantes”, denuncia. Ele recomenda cautela na rodovia: “Muitos ladrões
atacam quando o motorista diminui para passar pela lombada eletrônica”. Quando
há feriado, o risco é maior, principalmente quando o trânsito fica lento e os
ladrões atacam.
Roubos em
série - Na BR-040, sentido Sete Lagoas, a insegurança se repete. Outubro mal
começou e um posto de combustível em Ribeirão das Neves, na região
metropolitana, já foi assaltado três vezes. No mês passado, foram outras três
ocorrências. O frentista Wasley Ferreira, de 27, trabalha no lugar há três anos
e conta que foi rendido sete vezes. “Já usaram até metralhadora”, disse Wasley.
Um colega, conta, pediu demissão depois de ser espancado e agredido a
coronhadas.
Uma
situação que faz a técnica em segurança do trabalho Karla Gonçalves, de 32,
dirigir com medo. “Um amigo meu foi surpreendido por um homem deitado na
estrada, fingindo um atropelamento. Ele quase parou, mas o cunhado dele alertou
para não fazer isso, pois acreditava ser um assalto”, afirma. A bancária
Natália Sá, de 25, tem relato parecido. “Meu amigo foi surpreendido por pneus
fechando a BR-040, em Ribeirão das Neves. Parou e os ladrões levaram o carro
dele”, disse.
O
inspetor Adilson Souza afirma que a PRF tem mantido contatos com donos de
estabelecimentos comerciais em sua área de domínio e passado telefones para
casos de emergência. Ele alerta os motoristas que as paradas no acostamento só
devem ocorrer em caso de real necessidade, pois nesse momento os ocupantes de
veículos ficam vulneráveis. “O condutor deve prestar atenção a tudo o que acontece
à sua volta. Se notar que está sendo seguido por veículo estranho, deve parar
em um posto ou em outro lugar movimentado e telefonar para a polícia”,
aconselha o agente, lembrando que a Polícia Rodoviária Federal de Minas conta
com 838 policiais e 300 carros e motos para fiscalizar os mais de 6 mil
quilômetros de rodovia.
Fonte.: Estado de Minas