Dois estudos encomendados pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep) mostram gargalos na logística do Estado. Um deles, feito pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, revela que o custo do transporte intermodal, com ferrovia e rodovia, representa em média 103% do frete rodoviário.
Outro, desenvolvido pela consultoria MB Associados, apresenta a necessidade de investir no Porto de Paranaguá para atender o volume adicional de grãos projetado para o terminal até 2021, de 7 milhões a 10 milhões de toneladas.
Os estudos foram apresentados ontem no Fórum de Logística do Agronegócio Paranaense, em Curitiba. Ágide Meneguette, presidente da Faep, disse que a intenção é oferecer instrumentos para que as empresas negociem melhor seus fretes. E, com os dados em mãos, cobrar investimentos em infraestrutura. "Nossa prioridade é melhorar o porto e, depois, reduzir os preços da ferrovia", afirmou. "Dentro da porteira, a economia demonstra pujança, fora dela temos muitos problemas".
De acordo com o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, Paranaguá é o porto que mais tem condições de aumentar a exportação de grãos. "Vai crescer pelo menos a metade e vai precisar de investimento novo", disse, citando, entre outros fatores, a movimentação de cargas vindas do Paraguai e a expectativa de incremento na importação de milho e soja por pela China.
A análise dos fretes foi liderada pelo professor José Vicente Caixeta Filho, que defende a revisão para baixo do teto tarifário da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Procurada, a direção da América Latina Logística (ALL), que administra a ferrovia que chega a Paranaguá, disse oferecer preços competitivos.
O diretor comercial, Sérgio Nahuz, citou o aumento nos volumes transportados pela empresa e na participação nos portos em que atua.
A Faep contou com apoio da Organização das Cooperativas e da Alcopar, que reúne os produtores de álcool, para a realização dos estudos. Hoje cerca de 35 milhões de toneladas de produtos agrícolas circulam pelas rodovias e ferrovias do Paraná. "Temos bastante tarefa de casa", concluiu o secretário de infraestrutura e logística do Paraná, José Richa Filho, que acompanhou a divulgação dos dados. O trabalho da Esalq terá continuidade até maio.
Fonte: Valor Econômico