Os preços dos combustíveis pararam de subir nas últimas semanas, de acordo com levantamentos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em Curitiba, etanol e gasolina custavam respectivamente R$ 1,84 e R$ 2,54 por litro, em média, na semana encerrada em 13 de agosto, pouco abaixo dos valores apurados quatro semanas antes (R$ 1,85 e R$ 2,57). No entanto, os preços continuam mais altos que em 2010, em especial os do etanol.
Desde a marca recorde atingida em abril (média de R$ 2,31 por litro), as cotações do álcool nas bombas recuaram 20%. Ainda assim, estão 26% acima das registradas em agosto de 2010. Nas usinas, o aumento em 12 meses foi ainda maior, de 38%, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). As razões estão na quebra da safra de cana que está sendo colhida e também em fatores estruturais, como a falta de investimento em canaviais nos últimos anos.
A gasolina subiu bem menos: nos postos de Curitiba, o valor médio atual é 3% mais alto que o cobrado há 12 meses. O preço da gasolina nas refinarias está congelado há anos, mas, como ela leva 25% de álcool anidro em sua composição, seu preço final é muito influenciado pelas oscilações do etanol. Depois do pico atingido em abril, o anidro vendido pelas usinas recuou 45%, barateando o preço da gasolina nas bombas. No mesmo período, o álcool hidratado, usado nos carros flex, recuou 17%, segundo o Cepea/USP.
Novo patamar - Para especialistas, a tendência é de que o etanol permaneça acima das médias históricas até que a indústria sucroalcooleira volte a investir no aumento da área plantada com cana e, especialmente, na renovação dos canaviais mais velhos – quanto mais velha a lavoura, menor a produtividade.
Além de sofrer as consequências desse problema estrutural, a safra atual ainda foi afetada por seca, excesso de chuva e, mais recentemente, geadas. De acordo com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), essa combinação derrubou a produtividade das lavouras em 20,2% em relação a 2010. Na semana passada, a entidade voltou a rebaixar sua estimativa de produção. Agora, espera que a colheita de cana some 510,2 milhões de toneladas no Centro-Sul do país, 8,4% abaixo do volume colhido na safra passada. Nessa mesma comparação, a fabricação de etanol deve recuar 17,3%, para 21 bilhões de litros.
Consumo caiu 22% no primeiro semestre - Os dados mais recentes da ANP sobre o consumo de combustíveis, referentes a junho, mostram que a disparada dos preços do álcool nos primeiros meses do ano fez o consumidor “migrar” para a gasolina. No primeiro semestre, as distribuidoras de todo o país venderam 5,2 bilhões de litros de etanol hidratado, 22% a menos que nos seis primeiros meses do ano passado. Em compensação, as vendas de gasolina cresceram 15%, para 16,8 bilhões de litros.
Diante da ameaça que o consumo de álcool diminua a ponto de inviabilizar a expansão do setor, o governo vem prometendo há meses um pacote de incentivos – e exigências – para o setor. Mas, até agora, não houve qualquer anúncio oficial. Se quiser, o governo pode lançar mão de uma medida de caráter mais emergencial, a redução da mistura de álcool à gasolina dos atuais 25% para até 18%. Mas, nas últimas reuniões do comitê de monitoramento do setor, a iniciativa foi considerada desnecessária, ao menos por enquanto.
Fonte: Gazeta do Povo – PR