Após quase dois anos de obras e com um mês de atraso, o governo do Estado entregou a duplicação do trecho de planalto da Rodovia dos Tamoios (SP-99), principal ligação ao litoral norte de São Paulo. Uma cerimônia com a participação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi realizada para liberar as pistas, que nos próximos dias voltam a receber obras como a conclusão de acessos e a instalação de telas.
A construção ficou mais cara que a previsão inicial: custou R$ 672,4 milhões - R$ 115 milhões a mais que, segundo o governo, foram necessários devido a mudanças e melhorias no projeto inicial, como aumento na sinalização e reforço em pontes. A verba corresponde à primeira etapa do pacote de serviços de duplicação da rodovia.
O principal impacto na viagem do motorista deve ocorrer depois que o trecho de serra ganhar novas pistas, o que só deve começar no fim deste ano, de acordo com a Secretaria do Estado de Transportes. A obra no trecho de serra tem orçamento de R$ 2,1 bilhões e será custeada em parceria com a iniciativa privada que, em contrapartida, vai instalar pedágio na rodovia. A viagem entre São José dos Campos e Caraguatatuba vai ter o valor aproximado de R$ 8 em três praças de cobrança.
Também serão criados contornos viários que ligarão Caraguatatuba a São Sebastião com o objetivo de diminuir o trânsito na área urbana das cidades. A obra do primeiro trecho, de 6,2 quilômetros e que ligará a Tamoios à praia Martin de Sá e a Rio-Santos, foi iniciada no fim de 2013 e deve ser entregue até junho 2015. Já a segunda parte, que tem 18,4 quilômetros e vai da Tamoios ao bairro do Jaraguá, no pé da serra de São Sebastião, ainda aguarda licença de instalação para o início das obras.
Planalto
A obra no trecho de planalto da Tamoios teve início em maio de 2012 - o trecho que antes tinha pista simples agora tem as vias duplicadas divididas por muretas de proteção e acostamento nos dois sentidos entre os km 11, em São José dos Campos, e 60, em Caraguatatuba. Durante a obra, três trabalhadores morreram.
Segundo o estado, a viagem deve ser feita em 39 minutos, uma redução de sete minutos em comparação ao que se levava anteriormente. A velocidade na via deve ser mantida em 80 km/h, podendo sofrer alterações no futuro.
"Instalamos alguns radares que já estão em operação e a via deve receber mais ao longo deste ano. A velocidade não será alterada por enquanto porque é importante conhecermos o comportamento do motorista e quais as demandas que teremos na rodovia", afirmou o presidente da Desenvolvimento Rodoviário (Dersa), Laurence Casagrande. Segundo ele, ainda estão previstas obras adicionais no trecho de planalto da rodovia até o fim do ano, como a implantação de pontos de ônibus e passarelas.
Fuga
A obra de duplicação da Tamoios fez muitos motoristas buscarem estradas alternativas de acesso ao Litoral Norte ou até mesmo desistirem da praia no último ano. Levantamento da Polícia Rodoviária Estadual mostra que em 2013 o fluxo de veículos na rodovia caiu 8% se comparado a 2012, ano que teve início as obras de duplicação.
De acordo com a polícia, o dado coloca a Tamoios no caminho inverso das demais estradas - que registraram aumento do fluxo em razão do crescimento da frota.
"Em 2013, todas as outras vias da região tiveram aumento de fluxo, somente a Tamoios teve redução. Ao nosso entender isso se deve às obras na via, não tem outros fatores que apontem para essa redução", afirmou o tenente Rodrigo Henrique Lopes, comandante da Força Patrulha da PRE na região.
A "fuga" dos motoristas para rotas alternativas também foi sentida por comerciantes das margens da rodovia. Para o empresário Renato Vilhena, proprietário de uma lanchonete em Paraibuna, as obras prejudicaram muito e fizeram o faturamento despencar. "Sofremos o ano todo, foi muito complicado. Muita gente deixou de descer para o litoral por causa da obra. Para mim, 2013 foi de muito prejuízo, o faturamento caiu 50%, foi o pior ano", afirmou.
Acidentes
Mesmo com a redução no número de carros que utilizam a via, a Rodovia dos Tamoios continua sendo a estrada litorânea com maior índice de acidentes e fluxo de veículos. Em 2013, a rodovia teve 1.094 acidentes, com 447 vítimas entre graves e leves, além de 16 mortes. No ano anterior foram, 1.180 acidente, com 532 vítimas e 29 mortes.