segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Queda do preço da gasolina ainda não chegou ao consumidor

A esperança dos consumidores de ver os preços da gasolina caindo nas bombas parece cada vez menor. O cenário desenhado no mês passado previa queda acentuada dos combustíveis em Minas neste mês diante da volta |à normalidade das operações da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Grande BH, que, durante a parada técnica para manutenção em agosto, obrigou as distribuidoras a buscar combustível em estados vizinhos, encarecendo o custo do produto em R$ 0,06 em média no estado. Mas, ao contrário do esperado, o que se observa nos postos é a manutenção dos preços.

Os números apresentados em pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) comprovam que a alta em agosto não foi escalonada somente pelas distribuidoras, e sim dividida com as revendedoras. Comparativo mostra que o reajuste médio das distribuidoras foi de R$ 0,034 entre a última pesquisa da ANP, de 4 a 10 de setembro, e a média de preços de julho (veja quadro). Enquanto isso, o repasse para as bombas foi de R$ 0,06 no mesmo período, o que significa que cada etapa da cadeia de abastecimento embolsou e continua a absorver metade da alta. O Minaspetro, representante das revendedoras, e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) não retornaram o pedido da reportagem para comentar o assunto.

A agência reguladora também confirma que o esperado recuo dos preços ao consumidor a partir de 1º de setembro não se concretizou. Distribuidoras e revendedoras mantiveram os valores cobrados em agosto mesmo diante da redução do frete, já que não é mais necessário buscar o produto nas refinarias de Duque de Caxias (RJ) e Paulínia (SP) como ocorreu no último mês. Na pesquisa dos dias 28 de agosto a 3 de setembro, a ANP registrou valores médios da gasolina em R$ 2,835 no estado e de R$ 2,828 na capital. Na semana seguinte, entre 4 e 10 de setembro, os resultados praticamente se repetiram, ficando em R$ 2,837 e R$ 2,824, respectivamente.

Etanol na berlinda - Se o cenário continuar como está, dificilmente o etanol voltará a ser vantajoso frente à gasolina. A entressafra está prestes a começar e os preços já dão sinal de alta. Pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Esalq/USP) revela variação de 6,5% nos preços do álcool anidro entre a segunda semana de agosto e a primeira de setembro, passando de R$ 1,31 para R$ 1,39. O mesmo aconteceu com a versão hidratada, aquela misturada na gasolina. A variação de preços no mesmo período foi de 5,85%. O repasse da alta de custos para as bombas já foi sentido pela pesquisa do Mercado Mineiro. O preço médio do álcool, que era de R$ 2,103 em 23 de agosto, passou para R$ 2,157 em 6 de setembro, alta de 2,57%. “O motorista não tem opção de correr para o álcool”, observa Feliciano. Por conta da manutenção da forte demanda sobre a gasolina, o especialista avalia que não há interesse no recuo dos preços.

Somada a isso, a entressafra da cana-de-açúcar também tem reflexos diretos no preço da gasolina, que tem em sua composição 25% de álcool hidratado que, a partir de 1º de outubro, cairá para 20%. A alternativa é pesquisar já que a diferença de preços entre o posto que vende a gasolina mais barata e aquele de maior custo é de 12,83%, variação que chega a 26,34% no caso do álcool.

Fonte: Estado de Minas