Com um
caminhão à frente, aos motoristas que trafegam pela subida da serra da
Rio-Petrópolis restam poucas opções: diminuir a marcha, ter paciência, esperar
momentos de sorte para fazer a ultrapassagem e, claro, muito combustível.
Devido às pistas estreitas, sinuosas e íngremes, os caminhões - cada vez
maiores e mais pesados - sobem devagar, alguns a 10km/h, e atravancam o caminho
de quem quer passar. Com o tráfego pesado, os congestionamentos são constantes
e, quando ocorrem acidentes, não há outro jeito: a interdição total e caos ao
longo da rodovia.
Uma das
propostas para acabar com o gargalo seria a construção da nova subida, prevista
no edital de concessão, que ainda está em análise. A restrição de horário para
transporte de cargas é outra opção a curto prazo. A Secretaria estadual de
Transportes está elaborando uma portaria, em conjunto com a Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT), que restringe a circulação de veículos de carga,
com dois ou mais eixos, às sextas-feiras e vésperas de feriados, das 16h às
22h, e aos sábados, das 8h às 14h. A medida deve vigorar ainda este ano.
A ANTT
informou que a restrição ao tráfego de caminhões é uma das alternativas para a
melhoria do tráfego na região. O secretário estadual de Transportes, Júlio
Lopes, disse que a restrição é uma medida paliativa até a duplicação.
- A
geometria da estrada é muito antiga, e os caminhões duplicaram de tamanho. Os
veículos não conseguem fazer a curva e acabam ocupando as duas pistas. Além de
provocar retenções, são inúmeros acidentes. Como não há possibilidade imediata
de fazer a duplicação, faremos como São Paulo e outros lugares do mundo. É o uso
mais racional da rodovia - disse Júlio Lopes.
Duplicação
está em análise
Para quem
sobe e desce a serra diariamente, no entanto, a solução é a construção da nova
subida, que encurtará em cinco quilômetros a ida até Petrópolis. A obra inclui
a duplicação da atual pista de descida desde Xerém e a construção de um túnel
de cinco quilômetros a partir do Belvedere, que devem começar a ser feitas em
janeiro de 2013. O projeto prevê que a atual subida, aberta em 1928, seja
transformada numa estrada-parque, voltada para turismo ecológico, educação
ambiental e lazer.
O projeto
já tem as licenças ambientais, e as permissões para instalar o canteiro de
obras expiram em 13 de dezembro deste ano. A ANTT informou que o projeto
encontra-se em análise.
Na última
quarta-feira, um exemplo do que vem ocorrendo na via causou um grande
transtorno. Para que uma carreta - de sete eixos - transportasse uma peça
gigantesca da Companhia Nacional de Cimento, batedores da empresa tiveram que
paralisar o trânsito, e uma enorme fila de veículos se formou. A operação teve
que ser realizada em quatro etapas na serra para dar fluidez ao tráfego.
Enquanto
isso, os usuários reclamam do calvário que tem sido enfrentar a subida da
serra. Marcelo Fiorini, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de
Petrópolis (Sincomércio), disse que a situação está se agravando nos últimos
anos com o aumento do fluxo e dos caminhões.
- Eles
(caminhões) estão ficando cada vez maiores e têm dificuldades até de passar nas
curvas. As cegonheiras também cresceram. É cada vez maior o número de
automóveis transportados. Esses problemas no tráfego estão desestimulando as
pessoas. Em determinados horários, o tempo de subida ultrapassa uma hora. Eles
temem pegar os congestionamentos. O comércio de Petrópolis já está sentindo os
efeitos - reclamou Marcelo Fiorini.
O
comerciante também foi um dos líderes do movimento para pedir que o tráfego de
veículos pesados fosse restrito aos horários de menor movimento da rodovia.
Marcelo Fiorini ainda defende medidas que amenizariam o problema, mas que
exigem uma grande operação da concessionária que administra a rodovia:
- No
horário de maior fluxo no sentido Petrópolis, as carretas deveriam subir pela
pista de descida. Ela é mais nova e mais larga - sugeriu Marcelo Fiorini.
Cláudia
Barbosa, cuja a família é dona de um ponto comercial no início da subida da
serra, em Xerém, já foi obrigada a passar a noite no trabalho, porque a estrada
estava interditada e não tinha como ir para casa, no centro de Petrópolis. Como
ocorreu no dia 15 de outubro, quando uma carreta que transportava contêineres
tombou na BR-040 (Rio-Juiz de Fora), interditando parcialmente a pista de
subida da serra de Petrópolis.
- As
pistas só foram liberadas às 2h. Desisti de subir sozinha com a minha neta de
madrugada e acabei dormindo por aqui mesmo - contou Cláudia.
A
comerciante contabiliza alguns prejuízos. Já foram três carros danificados por
colisões com carretas. Na última, um veículo zero quilômetro foi amassado por
um caminhão-cegonha. Cláudia disse que conseguiu ser indenizada pela empresa
transportadora.
Fonte.: Yahoo