segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Para presidente da Urbes, pedágio urbano não é aplicável a Sorocaba


A Lei de Mobilidade Urbana sancionada na semana passada pela presidente Dilma Roussef traz em seu texto um ponto polêmico, que autoriza que cidades com mais de 500 mil habitantes instalem pedágios urbanos que tarifarão o deslocamento entre diferentes regiões dos municípios. Sorocaba, no interior de São Paulo, possui população que beira os 600 mil e se enquadra no perfil, mas Renato Gianolla, presidente da Urbes, empresa responsável pelo trânsito e transporte na cidade, afirma que essa não é uma alternativa a se cogitar a médio prazo.

A instalação de pedágios urbanos autorizada pela presidente tem o objetivo de desestimular o uso de veículos, forçando os motoristas a os deixarem nas garagens e migrar para o transporte coletivo no dia a dia.

A receita gerada pela cobrança de tarifas terá, obrigatoriamente, segundo o texto, que ser investida no transporte coletivo, seja na melhoria de veículos ou mesmo na concessão de subsídio à tarifa, o que poderá forçar a queda dos valores cobrados.
Renato Gianolla classifica como "impensável" a instalação de praças de pedágio na Sorocaba de hoje em dia.
"O governo não pode cobrar, arrecadar dinheiro e só então usar esse montante para oferecer alternativas para um transporte público mais eficiente. É preciso primeiro usar verba pública para melhorar a estrutura de transporte existente", afirma.

Apesar do ponto polêmico, Renato Gianolla afirma que o fato da lei obrigar os municípios a desenvolverem um plano de mobilidade urbana – uma espécie de plano diretor que ira reger o desenvolvimento do trânsito e transporte e estipular obras e procedimentos a serem aplicados para melhorar a fluidez do tráfego, a disponibilidade de vagas de estacionamentos, entre outros pontos – resultará em melhorias para o cidadão. A Urbes pretende abrir nos próximos meses o processo licitatório para a contratação da empresa que fará o plano municipal.

Faixas exclusivas para ônibus

O presidente da Urbes afirma que uma meta da empresa pública é desenvolver faixas exclusivas para o transporte coletivo, que seriam ativadas diariamente nas principais vias da cidade durante os horários de pico.
Diferente dos corredores só para ônibus existentes em São Paulo, em Sorocaba elas seriam faixas comuns a todos os veículos, que em horários determinados só poderiam ser usadas pelo transporte público.

Os municípios têm até 2015 para se adequarem às novas regras de incentivo ao transporte coletivo. Apesar dos pedágios estarem autorizados apenas às cidades com população acima dos 500 mil habitantes, todas as 1.663 cidades brasileiras que têm mais de 20 mil habitantes terão que desenvolver um plano de mobilidade urbana,as cidades que não cumprirem o prazo poderão ser punidos com a suspensão de repasses federais para o setor de transportes.

Utilização do transporte coletivo despenca em Sorocaba

Embora o transporte coletivo seja apontado como uma das saídas para o caos no trânsito em todas as grandes cidades, em Sorocaba o sistema de ônibus acumula, de 1997 até 2010, uma queda de 11% no número de passageiros. Segundo levantamento feito pela Urbes, a lotação excessiva dos veículos é colocada como o fator que mais incomoda os usuários. Segundo pesquisa, lotação é problema que mais incomoda usuários.

Embora o levantamento da Urbes mostre que houve queda de 11% em relação a 1997, os últimos quatro anos seguem tendência de crescimento. Em 2007, por exemplo, a queda acumulada em relação a 1997 era de 17,5%, com cerca de 4,1 milhões de passageiros transportados. Desde então, ano a ano o número de usuários vem aumentando e 2010 fechou com 4,4 milhões. O montante de mais de 4 milhões de passageiros na verdade se refere ao número de pessoas transportadas, ou seja, se uma pessoa vai e volta do trabalho de ônibus, será contabilizada como dois usuários do serviço.

Em 2010 a Urbes realizou uma pesquisa junto aos usuários do transporte coletivo de Sorocaba e perguntou qual era seu principal problema. Em primeiro lugar apareceu a questão da lotação. Não somente aquela lotação de quando um ônibus está abarrotado de gente, mas também aquela de quando uma pessoa que paga passagem não tem direito de fazer o trajeto sentada ou mesmo aquela que não consegue embarcar porque o ônibus está lotado.

Pesquisa de origens e destinos

Como primeira ação para criar o futuro plano de mobilidade urbana, a Urbes realizará ainda no primeiro semestre de 2012 uma Pesquisa de Origens e Destinos, que pretende mapear quais as rotas mais utilizadas pelos sorocabanos no diferentes períodos do dia.
Este mesmo tipo de estudo será usado para identificar os pontos de colocação de praças de pedágios nos municípios que optarem pela cobrança de tarifas por deslocamento entre regiões.

Fonte: G 1