quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Complexo atende demanda do Porto, mas faz Docas mudar planos


“A Ilha de Bagres tem dono. E não é a Codesp”. Foi assim, com um quê de frustração na voz, que Renato Barco, diretor de Planejamento Estratégico e de Controle da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), reagiu quando perguntado sobre o projeto Barnabé-Bagres, desenhado e estudado pela estatal há pelo menos 13 anos.

Não falou com todas as letras o que ficou óbvio: após vários estudos de viabilidade, a famosa ideia de construir novos terminais nesta região estuarina, dobrando a capacidade operacional do Porto de Santos, terá de ser radicalmente adaptada. Mas Barco deixou claro que a estatal apoia o empreendimento proposto para a ilha, chamado Complexo Bagres. Tanto que o colocou no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto. Entre outras atividades, o espaço será usado para que, pela primeira vez em sua história, Santos tenha um local apropriado para consertar navio se tratará água de lastro.

“Dentro do que nos foi apresentado desse projeto, pareceu ser extremamente importante. Acho que vem ao encontro das necessidades do Porto de Santos”,disse Barco.


O Complexo Bagres engloba seis empreendimentos distintos: estaleiro de construção e reparo naval; base de apoio às atividades offshore, com movimentação de carga geral; cluster (condomínio empresarial) de apoio ao estaleiro e à base offshore; áreas de apoio e utilidades; infraestrutura para recepção e tratamento de água de lastro de navios, águas residuais, limpeza de tanques, armazenamento e movimentação de granéis líquidos; e áreas para armazenamento e movimentação de granéis sólidos.

O diretor lembrou que o porto mais importante da América Latina não possui nenhuma área vocacionada para o conserto de embarcações de grande porte.

Intervenções programadas são feitas no Rio de Janeiro. Em caso de acidentes em Santos, ou seja, de consertos não programados, o navio permanece semanas ocupando o cais comercial até ser consertado, com prejuízo de algum terminal, que fica sem seu berço de atracação. Ao longo de sua história, Santos enfatizou a movimentação de mercadorias de diversos tipos, mas deixou de lado os reparos navais, falha histórica que pode ser corrigida agora.

Barco também destacou como positivas as atividades de atendimento a plataformas de petróleo,pormeiodo futuro estaleiro de reparos, além de terminais para movimentação de cargas e bases de apoio.

Para ele, é “inegável” a necessidade do Porto em contar com estes serviços.“Apesar de existirem algumas áreas que hoje poderiam ser utilizadas para esse fim, um local planejado vai dar outra dimensão ao negócio. Tudo que nós pudéssemos fazer aqui hoje para o atendimento a plataformas seria numa dimensão muito pequena com a estrutura atual”.

Segundo o diretor, faltava espaço no Porto de Santos para esta atividade. “No cais todo, luta-se por um metro. E uma instalação desse porte precisa de uma área concentrada”.
Saipem - O projeto destinado à Ilha de Bagres não será o único novo empreendimento fora do negócio central do Porto de Santos, que é a movimentação de cargas. Em outubro passado, o grupo italiano Saipem anunciou a compra do Terminal Portuário de Guarujá (TPG) – instalação que nunca chegou a sair do papel e que seria erguida no terreno da Nobara, no Centro Industrial Naval de Guarujá (Cing).

Na área, a empresa irá implantar um estaleiro para construção de submarinos e outras estruturas flutuantes. Além disso, o espaço também servirá como base de apoio a plataformas de petróleo que irão operar na Bacia de Santos.

 Fonte: A Tribuna – SP