quarta-feira, 20 de junho de 2012

Crédito da União deve ir para três rodovias


Um pacote de auxílio aos estados, anunciado na sexta-feira, em Brasília, após reunião entre os governadores e a presidente Dilma Rousseff, prevê o repasse de R$ 20 bilhões, via financiamento do Bndes, para ações de infraestrutura de acordo com as necessidades específicas de cada unidade da federação. A parcela do Rio Grande do Sul, avaliada em R$ 475 milhões, depende da apresentação de projetos prioritários aprovados até janeiro de 2013. O planejamento, segundo o Palácio Piratini, será definido ainda em 2012, por meio de encontros e reuniões com representantes de diversos setores. Foi solicitado às secretarias que apresentem seus principais projetos até o final desta semana, prioritariamente que já estejam em andamento. Entidades avaliam como positivo o aporte, mas chamam a atenção para a urgência de recuperação da capacidade de investimentos públicos.

Conforme o presidente do Sindicato da Indústria da Construção de estradas e Obras de Pavimentação e Terraplanagem, Nelson Sperb Neto, uma reunião marcada para amanhã pode finalizar a apresentação de três projetos que demandariam boa parte dos recursos. Segundo ele, as duplicações da RS-324, entre Passo Fundo e Marau (orçada em cerca de R$ 150 milhões), da RS-509, no acesso à Camobi, em Santa Maria (R$ 150 milhões), e a RS 470, entre Farroupilha e Garibaldi (R$ 50 milhões), já possuem estudos encaminhados e devem encabeçar a listas das obras contempladas. Além disso, o dirigente afirma que falta uma definição para a possibilidade de utilização do restante do dinheiro, cerca de R$ 75 milhões, na manutenção de estradas e consultorias viárias para o Interior do Estado.

Enquanto aguardam a fixação da destinação dos aportes, os membros da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Conselhão começam a se debruçar sobre o assunto a partir do dia 28 de junho, quando uma nova rodada de diálogos ocorre em Farroupilha. Na opinião do conselheiro e presidente do Sindicato dos Empregados em Transportes Rodoviário de Cargas (Sinecarga), Paulo Roberto Barck, os pontos de maior relevância se referem às soluções para a construção da RS-010 (entre a BR-290 e a RS-118) e para a mobilidade na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, o Rio Grande do Sul não consegue superar a marca de 3,5% do orçamento em infraestrutura e outros estados chegam a destinar até 30% para a área. Por isso, ele identifica um atraso histórico e aponta gargalos como somente 12 mil quilômetros de vias pavimentadas, apenas 400 quilômetros de rodovias duplicadas e o abandono de mil quilômetros de malha ferroviária. “É incompreensível que não tenhamos uma estrada duplicada, por exemplo, entre Porto Alegre e Caxias do Sul, que é o maior polo industrial do Interior. Por outro lado, este recurso pode ser insuficiente para uma duplicação até Caxias, pois envolve um trecho bastante complicado, entre São Vendelino e Farroupilha, na subida da Serra. Além disso, a ausência de transporte lacustre, a inexistência de transporte ferroviário e a necessidade de abertura de novas rodovias são alguns aspectos que comprovam a deficiência”, avalia.

Na opinião do industrial, o sucateamento estrutural é um dos fatores que contribui para que a indústria gaúcha “sofra” com os custos logísticos e seja “penalizada” com a falta de competitividade de seus produtos. De modo geral, Müller diz que o recurso é bem-vindo, justamente, para recuperar o tempo perdido e a escassez de investimentos públicos na área.

Principais propostas

•Investimentos em modais alternativos, como hidrovias e ferrovias
•Ampliação da extensão de apenas 12 mil km de rodovias pavimentadas
•Aumento dos 400 km de estradas estaduais duplicadas
•Duplicação da ligação entre Porto Alegre e Caxias do Sul, o principal polo industrial do Interior
•Duplicação da RS-324 (entre Passo Fundo e Marau), RS-509 (Acesso a Camobi) e RS-470 (entre Farroupilha e Garibaldi)
•Elevação do número de pistas da BR-116 entre Porto Alegre e Novo Hamburgo
•Conclusão da RS-010, entre a BR-290 e a RS-118

Conjunto de 39 melhorias amenizaria gargalos

Um levantamento apresentado pelo movimento Agenda 2020, com a participação de diversas entidades, incluindo a Comissão de Infraestrutura e Logística da Federasul, destaca 39 melhorias responsáveis pela solução de alguns gargalos estruturais do Rio Grande do Sul. Na opinião do vice-presidente da entidade, Paulo Renato Menzel, o acesso asfáltico dos municípios e a ampliação da malha rodoviária merecem atenção.

Outro ponto destacado se refere à BR-116, no sentido Norte. Por ali circulam 130 mil veículos por dia entre Porto Alegre e Novo Hamburgo e cerca de 70% do PIB gaúcho passa pelo trecho. Apesar da construção da BR-448, a chamada Rodovia do Parque, que servirá com alternativa ao trajeto, o documento prevê a necessidade de ampliação do número de pistas para comportar o fluxo que atinge a 4,9 milhões de habitantes.

Para Menzel, ampliação de modais alternativos também é fundamental. “É claro que os R$ 470 milhões anunciados não são suficientes para solucionar todos os problemas”, afirma.

Fonte : Guia Digital