terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pontos críticos em estradas deixam cidades sem comida, gás e remédios


O sol apareceu nas tardes de sexta e sábado na região Norte de Mato Grosso. Um alívio, um refrigério diante de tanto sofrimento para os usuários das rodovias estaduais. Mas a quantidade de barro acumulado e buracos causados pelas chuvas e mau conservação das estradas ainda faz vitimas: veículos à espera de socorro de populares atolados em um dos oito pontos considerados críticos se transformaram numa situação que se repete há dezenas de anos. Falta de tudo nas cidades.

O sofrimento ao longo de 220 quilômetros de estrada é tão certo quanto dois mais dois são quatro. Mesmo com o sol, na noite da sexta-feira, 27, uma carreta carregada de carne para exportação atolou. A carga foi passada para outra carreta, gerando transtorno e prejuízo. Por causa da situação, mais de 30 caminhões quebraram e ficaram parados na estrada nos últimos 15 dias, gerando milhares de prejuízo.

A ponte de um rio próximo ao entroncamento do Trevo de Apiacás que liga o município a MT 208, depois de 14 dias foi consertada e liberada no sábado. O coordenador da Defesa Civil em Mato Grosso, coronel Sérgio Delamônica, e equipe visitaram a ponte na sexta, 27. O tráfego para veículos pequenos foi restabelecido nas quatro MTs. Caminhões e carretas, no entanto, não são aconselháveis tentar a viagem.

Em Apiacás, a exemplo de Nova Bandeirantes, faltou combustível e gás de cozinha. Botijões foram baldeados no ombro de pessoas em atoleiros. Existem atoleiros na principal ligação do município com a MT 208. Dezenas de caminhões e carretas que levam alimentos e remédios ficaram mais de 10 dias nos barreiros da estrada próximo as localidades da Colibri e São Paulo.

“Estamos a oito dias na estrada. Só não passamos fome por que um senhor que acho que é fazendeiro ou sitiante trazia almoço e janta de graça. Se não fosse isto, não sei o que seria, preciso ir para Apiacás, e como vou?” - questionava um carreteiro atolado na MT 208 a menos de 60 quilômetros do destino final da viagem.
No mesmo atoleiro tinha 28 veículos de transporte com alimentos e remédios. Na lanchonete do trevo de Apiacás no município de Nova Monte Verde por três dias faltou cigarro, cerveja e bolachas e outros itens de consumo. No local chegou a ter 50 veículos de transporte parados.

Doentes graves estão sendo retirados de avião pelas prefeituras da região para Alta Floresta que possui hospital regional. Populares já começam a largar a região. Aumentou o numero de placas de venda em imóveis. Farmácias não possuem em suas prateleiras diversos tipos de remédios. Os horários de ônibus não são cumpridos. “Se for para retirar doente de ambulância é melhor deixar aqui, ele com certeza vai morrer na estrada”, diz um médico que trabalha no sistema publico de saúde na região afetada. Mais de 60 mil pessoas sofrem na região.

O pior trecho da MT 208 esta nos 66 quilômetros que ligam a cidade de Nova Bandeirantes a Monte Verde.
O trafego esta sendo feito pela estrada vicinal do Radiador e MT 417, porem os bueiros está em péssimas condições e podem provocar acidentes a qualquer momento. Após as reportagens circularem mundo afora, o governo do estado aumentou o numero de Máquinas na região. Duas PCs, duas patrol, uma pá carregadeira e dois caminhões foram vistas nas estaduais tentando trabalhar. Prefeituras auxiliam na tentativa vã de melhorar a situação. “As maquinas só aumentaram porque vocês noticiaram”, dizem motoristas e moradores enquanto citam e agradecem nomes de dezenas de sites e jornais que noticiaram o sofrimento deles ao longo de 15 dias consecutivos.

As chuvas diminuíram a intensidade neste final de semana, porem mesmo tendo manutenção a situação piora a cada dia na MT 208. A situação também esta se agravando na MT 417, trecho que liga Nova Bandeirantes a MT 208. As prefeituras da região, mais uma vez fotografam e coleta pontos de GPS nas centenas de atoleiros e bueiros críticos, na esperança vã de conseguir recursos estaduais e federais necessários para solucionar o problema que dura mais de 40 anos. Secretários Municipais, Vereadores, prefeitos e funcionários públicos da região não acreditam que recursos chegarão a tempo e suficientes para resolver o problema em definitivo.

Nas cinco estradas da região, caminhoneiros e populares que acham que a solução para não acontecer isolamento ano que vem é só levantar os pontos críticos de todos os anos: “Todo ano é na frente da fazenda mogno, na frente das polacas, próximo ao Trivelato, na saída de Monte Verde, na Peabiru e No Rio São João que acontece os atoleiros. É aterrar a estrada nestes pontos e construir bueiros bons que acaba este calvário anual. Dar manutenção na seca e não fingir que trabalham de Maio a Outubro” - disseram mais de 120 entrevistados ao longo dos atoleiros na MT 208.

Na outras estradas, a solução na visão de populares é a mesma, só diferencia os nomes dos pontos críticos e nome de estrada estadual.

Fonte: 24 Horas News