sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Prefeitos da Baixada Santista querem mais agilidade nas soluções dos gargalos logísticos


Mais de um quarto da balança comercial do país passa pelo complexo portuário de Santos. De acordo com os dados consolidados pela Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), em 2012, 25,8% da movimentação das trocas comerciais brasileiras (R$ 465,7 bilhões) aconteceram no Porto de Santos. O novo recorde deixou o Porto isolado na liderança do ranking, mas os gradativos ganhos também aumentaram os gargalos logísticos e trouxeram problemas à Baixada Santista.

No último ano, a região foi sufocada pela falta de infraestrutura adequada para o escoamento da safra agrícola e de outras mercadorias. Com os prejuízos, tanto à operação portuária quanto às cidades, governos municipais, estaduais e federais estipularam metas e investimentos para melhorar o fluxo de mercadorias até os terminais. “De imediato, instituímos um Plano de Contingências em Situação de Crise. Com ele, toda vez que ocorrer congestionamentos por caminhões, temos acesso às câmeras de monitoramento e podemos acompanhar a solução em tempo real. Estamos atuando, inclusive, multando os terminais que trazem mais caminhões do que têm capacidade de operar”, destaca o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa.

A organização do sistema de logística dos terminais portuários (que agora utilizam um sistema on line para registro da movimentação dos caminhões) é apontada pelos prefeitos de Santos, Cubatão, Guarujá e Praia Grande como a solução, a curto prazo, para os transtornos observados nas rodovias de acesso e refletidos na rotina das cidades. A prefeita de Cubatão, Márcia Rosa Silva, lembra que os impactos já vêm sendo comunicados há tempos às autoridades. “Cubatão é uma cidade não só atravessada, mas segmentada pelas rodovias e ferrovias. Quando a rodovia para por causa de um congestionamento, a cidade para junto, pois os moradores não conseguem se locomover”, diz.

O recém criado Gabinete de Gestão de Crise, da Prefeitura de Guarujá, tem sido responsável pelas principais ações emergenciais para solucionar os problemas do trânsito no município. “O órgão foi essencial para equacionar a logística viária e portuária na crise da supersafra, em maio deste ano, e voltou a atuar firmemente na segunda quinzena de julho, quando novamente a cidade foi invadida pelos caminhões”, lembra a prefeita Maria Antonieta. Ela ainda destaca que os agentes da Guarda Civil Municipal se revezam, em plantões, para controlar e monitorar a Rua Idalino Pinez (Rua do Adubo) e entorno.

 O governante de Praia Grande, Alberto Mourão, também alerta para os reflexos dessa relação porto/cidade, e diz que toda a região sente as dificuldades. “Quando o porto praticamente se limitava a Santos e as cidades do entorno não eram tão urbanizadas, tão populosas e não eram conurbadas, não havia todo esse impacto. Isso também decorre do fato de o transporte rodoviário ter sido estabelecido como matriz principal da logística, uma matriz que não foi modernizada ao longo dos anos”, destaca Mourão.

Em maio, a prefeitura de Cubatão regulamentou o funcionamento dos pátios reguladores do município. O resultado? Mais de 51 quilômetros de congestionamentos e a necessidade de se formar uma comissão de gerenciamento logístico integrado e algumas obras, como as da Rodovia Cônego Domênico Rangoni - que acabou sendo “agilizada”, lembra a prefeita, Márcia Rosa.

Soluções rápidas – A criação de pátios reguladores, destacada por Cubatão e já sinalizada pela concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes e pela Codesp, é tida como uma das metas a curto prazo. “Precisamos agilizar essa questão – fundamental – até que as obras de infraestrutura estejam concluídas”, defende a prefeita cubatense. Já para Mourão, além dos pátios é preciso agilizar as obras para a implantação do ferroanel. “O transporte ferroviário, que hoje responde por menos de 5% do total de carga transportada no país, passará a ser prioritário”, alerta.

Enquanto a mudança da matriz de transporte não é definitivamente incorporada, os esforços concentram-se no gerenciamento do fluxo de caminhões rumo aos terminais. “Os terminais estavam recebendo mais cargas do que a capacidade de movimentação. A alternativa de imediato, e que surtiu um efeito prático, foi a organização do sistema de logística dos terminais. A autoridade portuária obrigou os terminais a informar com antecedência suas programações logísticas, o que permite fiscalizar se este agendamento está sendo respeitado”, destaca o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, que ainda alerta para possíveis penalizações. “A Procuradoria Geral do Município já sugeriu alterações no Código de Posturas, que será encaminhada à Câmara, para permitir uma atuação mais efetiva. Os terminais que provocarem transtornos à cidade poderão até ter o alvará de funcionamento cassado”, alerta.

Já Guarujá, investe na construção de um novo acesso provisório ligando a Rodovia Cônego Domênico Rangoni e Avenida Santos Dumont. “Esta solução encontrada pela Prefeitura, Codesp e empresas do Porto deverá diminuir em 40% o fluxo de caminhões na Rua do Adubo, já que os veículos com grãos deverão ser destinados a este novo acesso, que fica próximo às empresas que trabalham com este tipo de material”, explica Maria Antonieta. A obra será custeada pelas próprias empresas portuárias, com um projeto formulado pela Prefeitura de Guarujá.

Os problemas logísticos decorrentes do cais santista são tema de uma mesa redonda com a presença dos governos municipais durante o Santos Export – Fórum Internacional para Expansão do Porto de Santos, que acontece nos próximos dias 26 e 27 de agosto, em Santos.

Retranca: Municípios defendem planejamento metropolitano

Os prefeitos de Santos, Cubatão, Guarujá e Praia Grande são unânimes ao defender que as soluções para a região partem de um planejamento metropolitano. “As necessidades e as soluções do Porto devem ser pensadas de forma macro. As ações passam por todas as esferas de governo: municipal, estadual e federal”, destaca Paulo Alexandre Barbosa.

Para Márcia Rosa, problemas metropolitanos precisam de soluções metropolitanas. “Precisamos reformular nossas políticas e nossos órgãos metropolitanos, como a AGEM (Agência Metropolitana da Baixada Santista) e o Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista), que precisam ganhar mais autonomia e recursos para atuarem no desenvolvimento na região em todas as suas áreas”, destaca a prefeita.

Defensor de mais investimentos e com mais agilidade, o prefeito de Praia Grande vai além e diz que o Porto de Santos tem que ser visto como solução para a região, para o estado e para o país. “A nossa região deveria ter benefícios, mas não é o que ocorre hoje. Se Santos, Cubatão e Guarujá têm os maiores PIBs do Brasil, isso não se traduz em ganhos, em mais empregos, em qualidade de vida na região. É preciso um planejamento regional de maior aproveitamento”, diz Mourão, que ainda alerta: 
 “Nosso grande desafio regional é fazer com que a vocação retroportuária se concretize com resultados e benefícios, não problemas, aos moradores”.

Fonte.: Segs