segunda-feira, 11 de março de 2013

Pedágio por trecho percorrido pode ser expandido para todo o país


Há cerca de um ano, os motoristas paulistanos que transitam por determinados trechos de rodovias do estado podem fazer parte de um experimento inédito no país que busca democratizar o pagamento de pedágio. Batizado de Sistema Ponto a Ponto, o projeto prevê a instalação de sensores ao longo das vias e em carros (nesse caso, chamados de tags) que se comunicam ao longo da viagem.

O objetivo da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) é se diferenciar da cobrança tradicional em cabines de pedágio para que os motoristas desembolsem apenas o valor referente ao percurso que utilizaram. “Esse foi um projeto muito pioneiro e evoluímos em tecnologia e funcionamento para oferecer novos serviços ao usuário”, afirma Giovanni Pengue, coordenador do Sistema Ponto a Ponto. Apesar de utilizar a mesma tecnologia de serviços como Sem Parar, Auto Expresso e Conect Car, o projeto se diferencia por ser pré-pago. “Naquela época não havia concorrência para o sistema e propusemos um novo tipo de cobrança. Apesar de o Brasil ser muito acostumado com o formato pré-pago, nas rodovias isso ainda não existia”, completa.

Inicialmente, o sistema foi instalado em um trecho da rodovia SP-075, que liga Campinas a Sorocaba. O percurso possui sete pontos de cobrança que totalizam R$ 12,40. O objetivo é testar o modelo atendendo a reivindicações de moradores de nove bairros que eram isolados das regiões centrais das cidades pela rodovia. Mesmo quando esses moradores precisavam percorrer trechos de pouco mais de 5 km, eram obrigados a pagar a mesma quantia cobrada por quem viaja dezenas de quilômetros. “A gente teve adesão superior ao esperado, o que é muito bom por se tratar de um projeto totalmente voluntário”, explica Pengue.

Produzido para o Brasil

O sistema foi baseado em uma iniciativa que já está implantada em rodovias italianas, canadenses e australianas, porém passou por modificações para que atendesse melhor às características das vias brasileiras. “Na Itália, todos os acessos às rodovias são controlados e nesses casos é muito mais fácil implantar o projeto.”, conta Pengue. Como as rodovias brasileiras possuem muitas entradas, os sensores tiveram que ser estrategicamente posicionados ao longo do trecho.

Atualmente, o Sistema Ponto a Ponto foi ampliado para as rodovias SP-360 (entre Itatiba e Jundiaí) e SP-340 (entre Campinas e Mococa, município que faz divisa com Minas Gerais). O projeto adaptou as atuais cabines de pedágio para que elas possam atender tanto aos motoristas que aderiram ao sistema quanto aos que pagam da maneira tradicional.

O que é o SINIAV?

É um sistema de identificação automática de veículos que está em fase de implantação. Até 2014, todos os veículos da frota nacional serão obrigados a portar uma tag que contém informações necessárias para que o Governo Federal possa fiscalizar pagamentos de tributos, inspeções ambientais e evitar roubos e furtos de veículos e cargas.

A tecnologia escolhida para equipar os sensores é baseada em padrões norte-americanos, mas desenvolvida completamente no Brasil e com baixos custos. As tags instaladas nos veículos são as mesmas que serão utilizadas pelo sistema SINIAV, que está sendo implantado pelo Governo Federal e servirá para monitorar informações como licenciamento, inspeção veicular e IPVA. Assim, os motoristas que possuírem a tag do SINIAV poderão utilizar o Sistema Ponto a Ponto com a mesma tecnologia, caso desejarem.

O Sistema Ponto a Ponto ainda pode resultar em benefícios ambientais, de segurança e conforto para os passageiros. Os motoristas que aderiram ao sistema podem passar pelos pontos de cobrança sem reduzir a velocidade para pagar. Como a retomada de giro do motor é menor, há também redução na emissão de gases. Além disso, a adesão tende a diminuir as significativas filas que se formam em dias de grande movimento nas cabines de pedágio. Por consequência, as chances de ser assaltado durante um engarrafamento na rodovia também diminuem.

O técnico da Artesp afirma que o sistema é seguro, mas deve passar por “evoluções gradativas” para evitar violações. Apesar de o projeto ainda estar em estudo e só estar disponível para quem mora próximo aos trechos com sensores, é possível que seja expandido para outros Estados por utilizar uma tecnologia que será padrão em todo o país. Para isso, no entanto, algumas atualizações precisam acontecer. “O sistema necessita de uma redução de custo e as operadoras devem incentivar os usuários a aderirem à arrecadação eletrônica”, afirma Pengue.

Fonte.: Auto Esporte