terça-feira, 29 de maio de 2012

Porto de Santos precisa superar gargalo de acesso


Maior terminal portuário do país, com um movimento perto de 90 milhões de toneladas de cargas em 2011, o Porto de Santos, no litoral paulista, carece de mais planejamento e vontade política para estabelecer alternativas que superem os atuais gargalos que dificultam o acesso para embarque e desembarque de mercadorias.

Essa foi a visão apresentada por empresários, armadores e gestores de autarquias portuárias, em painel no 7º Encontro de Logística e Transportes, em São Paulo, para quem as condições precárias no transporte de cargas, por conta dos gargalos de acesso, rodoviário e ferroviário, trazem pesados impactos de custos e transtornos para a população urbana, de Santos e São Paulo.

"A melhoria de acesso é a decisão mais emergencial", resume Martin Aron, diretor do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp. Devido ao aumento das exportações de commodities (96% do total de produtos exportados pelo Brasil são realizados através dos portos), o terminal santista cumpre também uma escalada de crescimento.

Em 1994, o porto santista movimentava 34 milhões de toneladas de cargas. Em 2011, 14 anos depois, esse o movimento atingiu 85,9 milhões, o maior entre os portos brasileiros, de acordo com dados do Anuário Estatístico Aquaviário. A expectativa deste ano é de ultrapassar 100 milhões de toneladas.

"Isso deve aumentar as dificuldades de escoamento e chegada de mercadorias, e vai demandar mais acessos", analisa Mauro Salgado, diretor comercial e administrativo da Santos Brasil, empresa de operação de contêineres. Ele assinala que faltam planejamento e definição de alternativas para desafogar a concentração do fluxo rodoviário, que cresce 20% a cada quatro anos. É uma carga que passa pelo centro urbano de São Paulo.

Um elemento complicador nesse cenário, de acordo com ele, é a expressiva evolução da atividade de contêiner, que representa hoje a parcela que mais cresce no movimento geral de cargas. Em 2011, o transporte por contêineres foi de 7,9 milhões de TEUs (unidade correspondente a um contêiner de 20 pés), o que significou um aumento de 7,4% em relação a 2010.

O investimento no modal ferroviário pode ser a alternativa, com vantagens consideráveis, entre as quais a de redução de custos logísticos e melhorias na movimentação de contêineres, aponta Guilherme Quintela, presidente da Contrail, uma das principais operadoras de transporte multimodal de contêineres do país. "A previsão é de que em seis anos dobre o movimento de contêineres em Santos por conta de grandes investimentos privados", destaca Quintela.

O aumento do transporte de em contêineres deve trazer benefícios para a navegação de cabotagem, que, no ano passado, foi responsável pela movimentação de 133,2 milhões de toneladas. "A cabotagem tem amplo mercado a conquistar com a expansão do mercado de contêineres, comenta Cleber Lucas, vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de navegação Marítima.

Fonte: Valor Econômico