sexta-feira, 23 de março de 2012

Artesp descarta uso de pedágios para fiscalizar velocidade em 2012


A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), responsável pelo novo sistema de cobrança de pedágio que começa a ser testado em abril em duas estradas paulistas, descarta o início de qualquer teste para a fiscalização de velocidade dos veículos pelo sistema em 2012. Segundo Giovanni Tengue Cilio, coordenador do Projeto Ponto a Ponto, o foco neste ano é testar a cobrança da tarifa por quilometragem, o que o governo considera ser uma cobrança mais justa.

“O foco do projeto no momento é a cobrança justa da tarifa. Qualquer outro serviço agregado ainda está em estudo, não está nada definido. Para 2012 não há nada de prático em relação à velocidade. Isso é uma questão de longo prazo que tem que estar alinhada com outras políticas do estado na área de transportes.”, disse Cilio nesta quinta-feira (22) em entrevista ao G1.

Nesta quarta (21), o governador Geraldo Alckmin e o secretário dos Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, anunciaram que o sistema será utilizado também para fiscalizar a velocidade dos veículos - registrando o tempo que os veículos levam de um portal de pedágio a outro e comparando com a média do limite de velocidade na estrada.

Se os carros passarem pelo portal em tempo menor e for constatada a velocidade excessiva, vai haver multa, segundo informou o secretário. Em um trecho de 100 km, por exemplo, com velocidade máxima de 100 km/h, os carros que o percorressem em menos de uma hora poderiam ser multados. Segundo o secretário Abreu, o modelo de fiscalização de velocidade por trechos contínuos que se quer instalar é similar ao já adotado na Itália.

“Geralmente quando você tem a passagem do usuário você pode emitir o tempo de viagem. São questões que vão ser avaliadas se é possível ou não. É tudo preliminar, estudos iniciais”, afirmou Cilio.
Alckmin afirmou que a medida visa dar "segurança" aos motoristas, e só deve ser adotada quando o Ponto a Ponto passar a operar integralmente. Por enquanto, a Artesp vai avaliar como o Ponto a Ponto funciona apenas com a cobrança de pedágio. “Tudo tem que ser avaliado com muito cuidado, estudado. Você tem que ver todos os aspectos, não só operacionais como legais, tem que seguir as leis”, disse o coordenador do projeto.

Testes de cobrança

Os testes para a nova cobrança de pedágio começam em 9 de abril na SP-360, em Itatiba, no interior do estado, onde foram instalados dois pórticos. Para o fim do mês está previsto o início do sistema na SP-75, que liga Sorocaba à Campinas, também no interior de São Paulo. Nela,a foram instalados oito pórticos, com valores que variam de R$ 0,80 a R$ 2,30. A adesão ao programa é voluntária e apenas para veículos registrados na região. Os donos receberão a 'tag', tarja magnética que será instalada nos veículos.

Ao passar pelos pórticos, uma antena vai ler a informação da tag e os motoristas terão o valor do pedágio descontado da conta corrente – e que representará apenas o trecho que percorreram. Por isso, alguém que circula apenas por metade dos cerca de 36 km contemplados pelo programa na SP-75 pagará apenas metade da tarifa – e não os R$ 10,10 cobrados na praça de pedágio tradicional.

Segundo Cilio, os usuários do Ponto a Ponto na SP-75 terão uma cabine direcionada a eles na praça de pedágio do km 60, que será liberada automaticamente após a leitura do cartão, demandando apenas uma redução de velocidade. Nos outros pórticos a leitura é automática, sem necessidade de diminuir a velocidade.

Remoção das praças

Os testes realizados em 2012 visam aprimorar o projeto para expandi-lo para outras rodovias a partir de 2013. No futuro, o governo pretende ter o Ponto a Ponto em todas as rodovias, com um plano de longo prazo para extinguir as praças de pedágio – neste caso, todos os veículos registrados em São Paulo teriam que possuir a tag. Segundo Cilio, estudos no exterior mostram que é possível começar a reduzir a quantidade de praças de pedágio quando a partir de 80% dos veículos já aderirem ao sistema informatizado.

Para conseguir fiscalizar e cobrar o pedágio dos veículos de fora do estado, a Artesp pretende trabalhar em conjunto com as iniciativas federais, de controle de frota. “Isso pode facilitar no futuro a realmente retirar as praças. A gente caminha a longo prazo para realmente tentar não ter mais praças. Talvez aconteçam alguns casos específicos, mantendo poucas praças”, disse o coordenador do Ponto a Ponto. “As praças existentes vão sofrer um processo de adaptação.”

Fonte: VNews