sexta-feira, 3 de maio de 2013

Municípios estudam restrição a caminhões


A cena de um caminhão descarregando mercadorias em áreas centrais de municípios polos do Paraná pode se tornar cada vez mais rara em horários de pico. Aos poucos, várias prefeituras têm adotado legislações que restringem o tráfego de veículos pesados, com o objetivo de o tráfego fluir mais facilmente.
Em Maringá (Noroeste), isso já é uma realidade. O tráfego de veículos pesados só é permitido antes das 7 e depois das 19 horas. O município de 357 mil habitantes possui uma frota de 271 mil veículos, dos quais cerca de 30 mil são pesados.

De acordo com o secretário municipal de Transportes, Ademar Schiavone, embora o município seja planejado e tenha ruas e avenidas largas, a restrição foi necessária devido à grande frota que circula no município. “Essa é somente uma das medidas adotadas para aliviar o trânsito na região central. Maringá é uma cidade polo e em agosto inaugurará o Contorno Norte, que desviará o tráfego de veículos pesados que hoje circulam pela Avenida Colombo (trecho urbano da BR-376) e que precisam fazer o trajeto leste-oeste na cidade”, destacou.

O secretário explicou também que há o planejamento para a construção do Contorno Sul, que permitirá acessar o aeroporto e a nova cidade industrial. Ele destacou que os estacionamentos transversais nos canteiros centrais do município, conhecido pelos moradores como espinha de peixe, também contribuem para o entrave do fluxo de veículos e que há um planejamento para que essas áreas sejam utilizadas como corredor de algum transporte coletivo de massa.

Intervenção do MP
 
Em Cascavel (Oeste) o problema do tráfego pesado incomodou tanto que o Ministério Público solicitou que fosse criado um planejamento viário que limitasse a circulação de veículos de carga em determinados horários. O município de 286 mil habitantes possui uma frota de 184 mil veículos, dos quais cerca de 18 mil são pesados.

Segundo o engenheiro de Trânsito da prefeitura, Maycon Moreto Marcos, depois que o MP fez a recomendação administrativa, a Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito (Cettrans) desenvolveu o planejamento viário com a criação das zonas centrais de Tráfego (ZCT). Na ZCT-1, a limitação é para os caminhões com mais de 7 metros de comprimento e acima de 7 toneladas; na ZCT-2 fica proibida a circulação de caminhões com mais de 14 metros e acima de 10 toneladas; e na ZCT-3 não poderão trafegar os veículos com mais de 14 metros e acima de 15 toneladas entre as 7 e 19 horas em dias úteis e das 7 às 13 horas aos sábados.

“A lei é de 2011, mas por enquanto nós só implantamos a restrição na ZCT-1 porque priorizamos a instalação de semáforos “, destacou o engenheiro. Ele acredita que até o final do segundo semestre ano as outras ZCTs sejam implantadas. Caso haja a necessidade de um veículo circular na área restrita durante o horário proibido, o motorista deve fazer um comunicado de realização de evento na Cettrans com 72 horas de antecedência e pagar uma taxa de R$ 5.

Custos
 
Umuarama (Noroeste) também registrou um aumento da frota e realizou em março um estudo para implantar a restrição de veículos no centro. De acordo com estatísticas do Departamento de Trânsito do Estado (Detran), em dezembro do ano passado Umuarama tinha 105 mil habitantes e 64.605 veículos registrados, sendo 33.141 automóveis de passeio, 5.120 caminhões, caminhão trator e camionetas, 4.945 caminhonetes e cerca de 18 mil motos e motonetas, entre outros veículos. Ônibus e micro-ônibus somavam 306, além de mais de 2,5 mil reboques (carretas) e semirreboques.

Segundo o chefe da Diretoria de Trânsito (Umutrans), Elizeu Vital Silva, o estudo definiu quais eram as vias coletoras e as arteriais e o projeto de lei está quase pronto para ser enviado à Câmara de Vereadores. “O objetivo é evitar problemas para o tráfego. O movimento é muito intenso e a tendência é aumentar ainda mais, visto que a frota de veículos vem crescendo em média 7% ao ano em todo o Estado.”

Segundo Silva, a Associação Comercial de Umuarama se posicionou favorável ao projeto. “Sempre têm pessoas que reagem contra, mas pelas nossas avaliações temos sentido que a população em geral tem apoiado o projeto”, declarou. “Caso a proposta seja aprovada, acreditamos que até o final do segundo semestre toda a sinalização esteja implantada”, destacou.

A área de restrição em Umuarama atingirá principalmente o eixo da Avenida Paraná, Avenida Ministro Oliveira Salazar e Rua Doutor Camargo, no trecho compreendido da Praça Miguel Rossafa até a Praça Raposo Tavares. No outro eixo a restrição do fluxo de veículos de carga atingirá parte da Avenida Rio Branco e ruas Desembargador Lauro Lopes, Desembargador Antonio da Costa, Rua Desembargador Munhoz de Melo e Heimtal, entre outros. O horário de restrição seria das 8 às 18 horas.

Em Londrina, desde o ano passado o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) discute o assunto com a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), já que a proibição é prevista no Plano Diretor (10.637/2008). Após a discussão, um projeto de lei de autoria do Executivo deve ser enviado à Câmara Municipal. Basicamente, a proposta é proibir o tráfego de caminhões em horário comercial para melhorar a circulação do transporte coletivo e de veículos de passeio.

Fonte.: Folha de Londrina