terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Montadoras vão informar se cumpriram as novas regras


As montadoras não terão dificuldades para calcular o conteúdo local dos automóveis que fabricam sob o Inovar-Auto, o novo regime automotivo que entrou em vigor no início do ano. Sem um sistema de rastreamento e certificação, que ainda está sob estudos técnicos, o governo vai aceitar a mera declaração das fabricantes. Cada empresa dirá se cumpriu ou não o requisito.

Um sistema de certificação de origem para máquinas, motores e componentes - como a injeção eletrônica - só deve ficar pronto no fim de 2013, segundo técnicos ouvidos pela reportagem. O governo não vê risco, porque pode a qualquer momento auditar notas fiscais das montadoras para comprovar, ainda que no futuro, se a regra foi cumprida.

A elaboração do sistema tampouco é simples. O governo enviou técnicos para visitar países europeus e o coração da indústria automotiva norte-americana, em Detroit, para conhecer como é feito o controle nesses países. Um componente de injeção eletrônica, por exemplo, possui peças internas cuja origem é de difícil comprovação.

Uma das razões do governo para optar pela declaração das montadoras é o fato de que essas empresas, na maioria das vezes, possuem participação acionária nos grandes fornecedores de motores e outros "sistemas" do veículo. Assim, a montadora atrai essa empresa para o Brasil, como forma de cumprir o conteúdo local, facilitando a vida dos técnicos.

Preço. Acostumado a desembolsar um dos maiores preços do mundo na hora de comprar um carro, o consumidor brasileiro vai continuar pagando o mesmo pelos veículos produzidos sob o novo regime automotivo. Mas isso vai significar economia, segundo a secretária de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Heloísa Menezes, porque os itens que antes eram opcionais vão se tornar, aos poucos, componentes de série, sem custo adicional.

O governo aposta em dois outros pontos que terão impacto sobre o preços dos veículos: o ganho de escala das montadoras e dos fabricantes de autopeças, com o aumento de quase meio milhão na produção anual de carros; e a concorrência. Pressionado pelo Itamaraty e pelo Ministério do 
Desenvolvimento, o governo aceitou habilitar montadoras que não fabricam seus carros em território brasileiro. "Com os carros com maior conteúdo tecnológico, o que era opcional vai deixar de ser e entra como item de série", diz Margarete Gandini, coordenadora-geral de Arranjos Produtivos Locais do Ministério do Desenvolvimento.

A transformação de opção em regra deve abranger, de início, itens conhecidos pelo consumidor, como motores elétricos para os vidros, travas e retrovisores, até chegar a componentes considerados hoje como "de luxo", como câmeras e sensores de estacionamento.

Um grupo de 45 montadoras que já pediram habilitação no Inovar-Auto prometeu investir R$ 5,5 bilhões até o fim do regime, em 2017. Até lá, o governo abrirá mão de R$ 12,2 bilhões em impostos do setor, para estimular essa indústria.

Fonte.: O Estado de S. Paulo