sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Maioria dos radares na Via Dutra estão inativos no Vale do Paraíba


Onze dos 15 radares instalados no Vale do Paraíba pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Presidente Dutra (BR-116) estão inoperantes. Os equipamentos foram instalados no ano passado com a promessa de reforçar a fiscalização no corredor, principal eixo de ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Os aparelhos estão desligados a espera de um aditivo no contrato entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a PRF. A assinatura do convênio deve viabilizar a operação dos radares, mas a previsão é que apenas em dezembro, durante a próxima Operação Verão, o convênio seja concluído.

Mesmo sem o reforço no aparato de fiscalização eletrônica, o número de acidentes na rodovia se manteve estável no primeiro semestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 6.668 ocorrências até julho deste ano contra 6.674 em 2011. As informações são da concessionária NovaDutra, que administra o corredor.

Justificativa

Segundo o inspetor Fabiano Moreno, do comando da PRF em Brasília, apesar de terem sido instalados no último mês de dezembro, a permissão para funcionamento dos radares só foi concedida em março pelo Inmetro (Instituto Nacional de Meteorologia, Qualidade e Tecnologia).

Desde então, a burocracia trava o funcionamento da fiscalização eletrônica. "A Polícia Rodoviária recebeu no final do último mês o texto final da minuta do termo aditivo enviada pela ANTT. Estamos fazendo várias reuniões para ajustar esses termos", afirmou Moreno ao G1.

As reuniões devem definir a qual orgão deve ser atribuída o custeio decorrente da operação dos novos radares e a estrutura necessária para o serviço.

Mesmo assim, o inspetor acredita que os radares, mesmo desligados, cumprem parcialmente seu papel de coibir o excesso de velocidade na via. "A presença do radar já exerce uma função de coação nos motoristas. Além disso contamos com uma estrutura de radares estáticos que são usados pela fiscalização", disse.

Problema

Para Ronaldo Garcia, engenheiro especialista em tráfego, a tese é contestada. "Realmente no início existe um efeito de inibir os excessos, mas com o passar do tempo, sem a efetiva punição, a prática destas infrações acaba favorecendo quem não cumpre a lei ", afirmou.

O técnico em segurança do trabalho, Aparecido José dos Santos, de 55 anos, se diz surpreso com a informação. Ele utiliza o corredor diariamente. "Pensando bem, pode ser que outros radares também estejam desligados. Mas pra mim é indiferente, regras são regras e temos que respeitar independentemente de ter radar ou não", disse.

Outro lado

A assessoria de imprensa da ANTT foi procurada, mas não comentou o assunto. A concessionária responsável pela administração da Via Dutra informou, por meio de nota, que apesar dos radares estarem desligados, o número de vítimas fatais em acidentes na estrada diminuiu 29,7% em 2012. O fluxo na rodovia aumentou 4% no mesmo período.

Nos 402 quilômetros de extensão da Via Dutra são 28 radares em operação. Outros 30 fazem parte do plano de expansão de fiscalização no corredor, dentre eles os 11 novos equipamentos instalados em dezembro no trecho do Vale do Paraíba.

Fonte: G1