quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fim da guerra dos portos promete impulsionar importações por Santos


O Porto de Santos ampliará sua participação nas importações brasileiras. Isto é no que executivos e autoridades do setor portuário santista acreditam, após o congelamento em 4% da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A medida aprovada pelo Senado, no mês passado, gera uma expectativa positiva no mercado, ao dar fim à Guerra dos Portos, marcada pela redução do tributo para levar cargas a outros estados do País.

Os portos que ficam no Espírito Santo e em Santa Catarina serão os mais atingidos pela alíquota única, que deve entrar em vigor em 1º de janeiro do próximo ano. Isto porque os governos desses dois estados diminuem a alíquota do ICMS para os importadores que escolhem os complexos de Vitória (ES), Itajaí e São Francisco do Sul (SC). Goiás (GO) também adota essa estratégia para quem utiliza seus portos secos.

A data de primeiro de janeiro integra a Resolução do Senado nº 72/2010, que pôs fim à Guerra dos Portos. É ela que estabelece a alíquota única de ICMS em todos os estados.

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o processo de unificação do tributo em 4% demorou cerca de um ano para ser definido.

“Além de ser errado dar incentivo fiscal a produto importado, você está prejudicando estradas, a logística e o trânsito. O que foi feito não foi nenhum privilégio. Foi apenas tirar a vantagem que estava se dando a outros países (que escolhiam os menores custos para vender seus produtos). Com isso, o que é pra ser consumido em São Paulo ou nessa região, virá pelo Porto de Santos”, afirma.

A análise é compartilhada pelo presidente da Codesp, José Roberto Correia Serra. Segundo ele, no Porto de Santos, as expectativas são as melhores possíveis. A tendência é que a maior parte das cargas atraídas artificialmente por incentivos fiscais migre naturalmente para o maior complexo marítimo da América Latina, localizado a 80 quilômetros do principal mercado consumidor de importados do País, a Região Metropolitana de São Paulo.

A Autoridade Portuária de Santos não estima um percentual de quanto migrará, mas acredita que os terminais da região têm plenas condições de receber novas cargas. A entrada em operação das instalações da Brasil Terminal Portuário (BTP), no ano que vem, dará fôlego extra à capacidade operacional do Porto e ajudará neste processo.

Mais cauteloso, o consultor portuário Marcos Vendramini prefere aguardar a prometida reação dos estados que reduzem suas alíquotas de ICMS, para atrair mercadorias a seus portos, antes de se manifestar. Mas avalia que, havendo uma migração de cargas, elas serão de alto valor agregado, Procurada, a Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec) também decidiu aguardar mais informações para, então, comentar os reflexos no mercado.

Investimentos - Entre os terminais que operam contêineres em Santos, o momento também é de cautela. Mas os investimentos que vêm sendo realizados garantem a eficiência necessária para a nova demanda, se as previsões da Autoridade Portuária forem concretizadas.
“Investimos grandes esforços no aprimoramento de equipes, na melhoria da segurança e na produtividade, permitindo operacionalizar novas demandas em Santos”, afirma o presidente da Libra Terminais, Wagner Biasoli. Na região, a empresa administra o T-33, o T-35 e o T-37.

A Santos Brasil, que opera o Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Santos, informa que a previsão de movimentação da companhia não foi alterada em função das mudanças fiscais.

Já o diretor de Operações do Grupo Rodrimar, Renato Grecco, aposta na migração de cargas ao complexo santista, após as medidas fiscais aprovadas pelo Senado. “Santos vai retomar a condição que tinha antigamente. Quando surgiram os incentivos, o Porto de Santos perdeu muitas cargas. O que vai acontecer é a retomada delas e o Porto, com todos os investimentos que vêm sendo feitos, está preparado para isso”.

O Grupo Rodrimar conta com terminais portuários e retroportuários nas regiões do Saboó e do Paquetá.

O diretor operacional do Terminal de Contêineres da Margem Direita (Tecondi), Querginaldo Camargo, também considera que Santos absorverá boa parte do volume movimentado pelos demais estados graças a benefícios fiscais. “Não apenas as nossas empresas (Tecondi e Termares) como também os demais operadores do Porto de Santos terão condições de absorver com excelência essa demanda a partir de 2013”.

Fonte: A Tribuna – SP