sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Vendas fracas do diesel menos poluente preocupam o setor


Às vésperas de completar o primeiro mês de obrigatoriedade de oferta do óleo diesel S50, com menor teor de enxofre em sua composição (no caso, 50 partes por milhão), a demanda, ainda tímida, pelo produto, principalmente entre veículos pesados, preocupa o setor. A medida faz parte do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), criado em 2009.

Entre as razões elencadas para a baixa procura pelo novo diesel, a mais citada é o prazo dado aos fabricantes de veículos pesados para entregar, até março, os veículos vendidos e faturados em 2011, cujos motores podem funcionar com qualquer dos três tipos de óleo diesel a disposição no país. Como o diesel S50 é o tipo mais caro - custa, em média, R$ 0,10 a mais do que os tipos S500 e S1800 - ainda não consegue estimular a adesão dos consumidores, mesmo sendo menos poluente.

O S50 só é obrigatório para motores pesados fabricados a partir deste ano. A nova frota menos poluente, estimada em quase 170 mil novos veículos pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), só deve começar a rodar no segundo trimestre do ano.

Para a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a maior preocupação é com os quase 3 mil postos revendedores, selecionados pelo órgão regulador para oferecer o diesel S50. Esses postos já compraram o novo combustível, mas o diesel só pode ficar estocado de 30 a 60 dias, dependendo das condições de limpeza e filtragem dos tanques.

“Demanda baixa implica giro baixo do produto e o produto não pode passar do prazo de comercialização, [pois corre o risco de] se deteriorar. A ANP vai monitorar para que a qualidade não se deteriore, mas isso é uma ação dos revendedores. O mercado de preço é livre, mas não podemos permitir que um combustível de má qualidade seja comercializado”, explicou Dirceu Amorelli, superintendente de Abastecimento da ANP.

Amorelli adiantou que vai reunir balanços da rede revendedora e tentar obter informações sobre venda de veículos pesados, mesmo que a agência se comprometa a guardar sigilo desses dados. “Preciso saber como está a saída de veículos pesados para calibrar a resolução e a questão logística do [diesel] S50. Se a gente verificar que o novo veiculo pesado só vai começar a rodar a partir de dezembro, vamos ter que pensar em outro tipo de medida”, explicou.

Fonte: Exame