quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Restrições de circulação impulsionam venda de caminhões leves em São Paulo


Os dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), entre 2008 e 2012, mostram: o número de caminhões pesados diminuiu, e o de veículos utilitários de carga, os chamados VUCs, aumentou muito acima da média. A situação tem relação direta com as restrições de circulação dos pesados, especialmente em áreas centrais, implementados na capital paulista desde 2007.

De acordo com as estatísticas do Detran, o número de VUCs cresceu cerca de 35% no últimos quatro anos, com 799.292 registrados em setembro de 2012 na capital paulista - no mesmo mês, em 2008, eram 594.832 veículos desse tipo. Ao comparar o número de caminhões pesados no mesmo período, houve uma redução de cerca de 7%, com 12.459 veículos a menos. O aumento dos VUCs se deve à livre circulação concedida pela prefeitura municipal, em qualquer horário, para estes veículos.

Para o consultor de engenharia urbana Luiz Bottura, é uma tendência natural. “Não concordo com as restrições, mas seria lógico aumentar de qualquer maneira o número de VUCs para que essas cargas cheguem aos pontos de distribuição de maneira mais rápida e que menos incomode o trânsito”, afirma o especialista. Ainda para ele, faltou pesquisa e embasamento para impor as restrições de circulação - a mais recente delas, na Marginal Tietê.

A apresentação de alternativas viáveis é uma das principais críticas de Bottura ao sistema. “Faltou conhecer origem, destino, qualidade e peso do que carregavam os caminhões, para aí tomar uma atitude mais coerente. Faltam locais – como os warehouses americanos – que permitam os caminhões pesados desovarem sua carga para depois utilizar caminhões menores e outros veículos para distâncias curtas”, completa.

O efeito da maior participação dos caminhões leves no mercado foi sentido no Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP). De acordo com o presidente da entidade, Norival Almeida, o número de autônomos registrados subiu em cerca de 50 mil de 2008 para cá. “Muitos que trabalhavam em transportadoras com pesados resolveram comprar um VUC, abandonando as grandes distâncias e trabalhando apenas em São Paulo”, conta o representante do Sindicam.

Fonte.: Terra