segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Melhoria no trânsito não vai durar mais do que seis meses


A Prefeitura está complementando as medidas que já havia tomado. A ideia é boa. O problema dos caminhões de carga é a falta de vagas para estacionar. Um caminhão precisa de pelo menos duas vagas, uma na frente da outra, para estacionar e descarregar. Quem é que consegue estacionar carreta em São Paulo? É impossível. Tente combinar de sair com um amigo e estacionar um carro na frente de outro. Você não vai conseguir. É o que ocorre com o caminhão. Quando você permite que o abastecimento em São Paulo seja feito por veículos maiores, é desastroso. Eles param na esquina, em fila dupla. Veículos Urbanos de Carga (VUCs) precisam de uma só vaga. Você consegue acomodá-los com facilidade. Essa é a grande vantagem deles. O veículo grande que tem de atravessar a cidade passa pelo Rodoanel, passa por fora da cidade, porque não tem de atravessar a cidade mesmo. E o veículo grande que tem de trazer vaga para o centro da cidade não vai conseguir estacionar. É melhor, realmente, essa adaptação. É assim que funciona em todas as grandes metrópoles do mundo.

Com certeza, existem problemas. Como empresas de cargas e a zona cerealista no centro da cidade. É preciso pensar, com lógica, em mudar essas regiões para outras áreas. Essas medidas vão acabar estimulando um processo de renovação urbana.

Mas imaginar que a retirada dos caminhões vai gerar um vazio é não enxergar o que ocorreu na Avenida dos Bandeirantes. A restrição lá tornou a via um passeio. Mas durou um ano. Em uma cidade supersaturada, com demanda reprimida em tudo quanto é lugar, quando você oferece uma facilidade, imediatamente a demanda ocupa o espaço. A diferença no trânsito não será grande. A melhora não vai durar seis meses. Você inaugura uma via, ela entope na hora. A única coisa que vai resolver a mobilidade, da zona leste ao centro e outros bairro, é o metrô.

A restrição aos caminhões não vai resolver o trânsito. Cada vez vivemos novos recordes de lentidão. O que vemos é uma medida paliativa para manter o sistema, altamente instável, funcionando.

Fonte: O Estado de S.Paulo