quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O lixo dos portos na mira do Governo

Em qualquer parte do mundo, como em toda atividade comercial, portos e navios são geradores de lixo e esgoto, que devem ter a destinação correta para que poluam menos.

É assim que funciona nos principais complexos marítimos da Europa e da América do Norte, onde a preocupação com uma possível agressão ao Meio Ambiente força medidas restritivas para evitar - ou ao menos minimizar - a contaminação do solo, da água e do ar.

No Brasil, não há muito controle sobre os chamados resíduos sólidos e efluentes, o que é um fator preocupante, considerando que boa parte dos portos está colada em grandes cidades, com influência direta nas vidas de milhões de pessoas.

Ao menos uma solução parece surgir no horizonte: o Governo Federal, pela Secretaria de Portos, mostra-se disposto a corrigir esta falha centenária e destinou verba de R$ 16 milhões para um programa que, ao menos em sua abrangência, é pioneiro.

Vinte e dois portos, entre eles Santos e São Sebastião (no Litoral Norte do Estado), participarão do projeto Conformidade Gerencial de Resíduos Sólidos e Efluentes dos Portos. O nome é complicado, mas o objetivo é simples: estudar que tipo de poluição cada um deles gera em sua região. Em seguida, pretende-se neutralizar as fontes poluidoras com ações pontuais. Pensa-se até em produzir energia a partir do lixo coletado nos complexos portuários - uma ideia que parte do coordenador do programa, o pesquisador Marcos Freitas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"Os portos estão passando por uma fase de revitalização, pois têm que atender o crescimento do País", disse. E essa ideia de gerar energia? Ele explica: "Meio por cento de toda soja que o Brasil exporta se perde pelo caminho. Fica pelas ruas, pelos trilhos do trem. Calcula-se que o gasto para limpar cada tonelada é de R$ 200 a R$ 250, porque (o grão) é considerado um resíduo perigoso. Isso tudo poderia ser espremido e transformado em biodiesel".

Segundo o representante da UFRJ, o mesmo processo poderia ser feito com o esgoto, por meio do qual se obtém o biogás, uma opção de combustível para gruas, guindastes e outros equipamentos. Tudo isto daria aos portos o status de autossustentáveis. O meio ambiente agradece.

Fonte: Tribuna